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quinta-feira, 14 de junho de 2012

EX-HOSPÍCIO VIROU BABEL COM 400 REPRESENTANTES INDÍGENAS


(Marlene Bergamo - 13.jun.12/Folhapress)
Deu na Folha. A Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, vizinha ao Projac, que já sediou o Hospital Nacional dos Alienados, um hospício, transformou-se na quarta-feira (13) em uma Babel de etnias autóctones da América.Quatrocentos indígenas brasileiros, representando tribos guaranis, pataxós, xerentes, parecis, caiowaas e caiapós uniram-se a siouxies do norte do Canadá, a grupos maias guatemaltecos e a astecas mexicanos em uma só aldeia, a Kari-Oca. As línguas indígenas, tão diferentes, não se entendiam. Precisavam de tradutor. Mesmo assim, conseguiram dizer juntos que não aceitam a ideia dos créditos de carbono."Não aceitamos que os países desenvolvidos queiram comprar nosso silêncio, enquanto continuam destruindo o meio ambiente impunemente. O ar não tem preço, a floresta não tem preço", disse a representante mexicana, Berenice Sánchez. Três ocas à moda das existentes no Alto Xingu foram construídas para abrigar os representantes de 25 nações brasileiras. A derrubada da mata atlântica, pelo próprios índios, mais a chuvarada que caiu sobre o Rio transformaram a colônia em pântano.Nada que intimidasse as centenas de índios que, em seus trajes típicos, amassavam o chão dançando. Todos cantavam, indiferentes ao fato de que, ao lado, outro índio cantasse em outro idioma, outra música.O que destoava eram os 170 soldados da Força Nacional destacados para garantir a segurança dos índios. Ontem, seis deles carregavam extintores de incêndio pela aldeia.É que, às 17h, todo o pessoal se encaminhou para uma cerimônia chamadaAcendimento do Fogo Sagrado Ancestral Indígena. Tradutores, jornalistas, antropólogos e os próprios índios desataram uma choradeira emocionada.A Kari-Oca incluirá uma espécie de olimpíada indígena, sem pódium. "Não gostamos dessa coisa de primeiro lugar, segundo. O vencedor de hoje não será o de amanhã, então para quê ferir as pessoas assim?", explicou o cacique Marcos Terena, 52 anos, do Comitê Intertribal.

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