
Deu na Folha. A
Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, vizinha ao Projac, que já sediou o
Hospital Nacional dos Alienados, um hospício, transformou-se na quarta-feira
(13) em uma Babel de etnias autóctones da América.Quatrocentos indígenas brasileiros, representando tribos
guaranis, pataxós, xerentes, parecis, caiowaas e caiapós uniram-se a siouxies
do norte do Canadá, a grupos maias guatemaltecos e a astecas mexicanos em uma
só aldeia, a Kari-Oca. As línguas indígenas, tão diferentes, não se entendiam.
Precisavam de tradutor. Mesmo assim, conseguiram dizer juntos que não aceitam a
ideia dos créditos de carbono."Não aceitamos que os países desenvolvidos
queiram comprar nosso silêncio, enquanto continuam destruindo o meio ambiente
impunemente. O ar não tem preço, a
floresta não tem preço", disse a representante mexicana, Berenice Sánchez.
Três ocas à moda das existentes no Alto Xingu foram construídas para abrigar os
representantes de 25 nações brasileiras. A derrubada da mata atlântica, pelo
próprios índios, mais a chuvarada que caiu sobre o Rio transformaram a colônia
em pântano.Nada que intimidasse as centenas de índios que, em seus trajes
típicos, amassavam o chão dançando. Todos cantavam, indiferentes ao fato de
que, ao lado, outro índio cantasse em outro idioma, outra música.O que
destoava eram os 170 soldados da Força Nacional destacados para garantir a
segurança dos índios. Ontem, seis deles carregavam extintores de incêndio pela
aldeia.É que, às 17h, todo o pessoal se encaminhou para uma cerimônia chamadaAcendimento do Fogo Sagrado
Ancestral Indígena. Tradutores,
jornalistas, antropólogos e os próprios índios desataram uma choradeira
emocionada.A Kari-Oca incluirá uma espécie de olimpíada indígena, sem pódium.
"Não gostamos dessa coisa de primeiro lugar, segundo. O vencedor de hoje
não será o de amanhã, então para quê ferir as pessoas assim?", explicou o
cacique Marcos Terena, 52 anos, do Comitê Intertribal.
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