A vacina mais avançada do mundo contra a
dengue, em desenvolvimento pela farmacêutica francesa Sanofi, teve desempenho
decepcionante em um teste clínico de larga escala realizado na Tailândia: sua
eficácia foi de apenas 30,2%, índice bem abaixo dos 70% esperados a princípio. O
resultado ruim torna incerto o futuro do produto, que, segundo afirmações
anteriores do fabricante, poderia gerar uma receita de mais de 1 bilhão por
ano. Entretanto, pesquisadores apontam
que pela primeira vez foi provado que uma vacina segura contra a dengue pode
vir a ser desenvolvida. A baixa porcentagem de sucesso da vacina se deu porque
ela falhou em proteger contra um dos quatro tipos de vírus da dengue, o 2 -
justamente o mais comum na Tailândia na época do teste. Uma pessoa que
contraia um dos tipos de dengue não se torna imune aos outros."Esse
resultado me derrubou", afirmou Scott Halstead, consultor científico
sênior da ONG Dengue Vaccine Initiative, que não tem envolvimento com o estudo. "Mais experimentos terão de ser feitos
para que entendamos o que aconteceu. " Os cientistas supõem que uma vacina
que contenha os quatro tipos de dengue termine por apresentar resultados
desiguais, sublinhando a complexidade de uma doença que vem sendo pesquisada há
mais de 70 anos. Apesar do desfecho negativo do estudo, analistas da
indústria farmacêutica dizem que a vacina ChimeriVax da Sanofi continua à
frente das rivais em termos de desenvolvimento e ainda está em posição
vantajosa. "Mesmo que não seja
perfeita, a ChimeriVax será adotada", disse o analista Eric Le Berrigaud,
da empresa Bryan Garnier. "Mas ela não será a vacina que erradicará a
dengue", ressaltou.
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