Um dos
primeiros resultados do acordo de cooperação entre a Fapesp e as Universidades
de Toronto e Western Ontário, no Canadá, é o trabalho conjunto que
vem sendo realizado pelas equipes dosprofessores Celso
Ricardo Fernandes Carvalho, da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (USP), e Dina Brooks, da Universidade de Toronto na área de tratamento de
doenças respiratórias com atividades físicas. Os dois pesquisadores
apresentaram um resumo da colaboração que já está sendo realizada por eles
durante o simpósio de abertura da Fapesp Week 2012, no dia 17 de outubro, em
Toronto. Brooks disse que sua equipe conta com a participação de brasileiros há
dez anos e que, por isso, ela percebeu a existência de sinergia entre os dois
países na sua área. “O acordo com a
FAPESP pode fazer esse namoro virar casamento”, brincou, ao iniciar sua fala. Sua
especialidade é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), causada
principalmente por cigarro e poluição. A enfermidade afeta pelo menos 4,4% dos
canadenses, um em cada cinco fumantes, e é a quarta maior causa de mortes no
país. A pesquisa que Brooks conduz na Universidade de Toronto mostra que a prática
de exercícios físicos é a maneira mais eficiente de reduzir os sintomas da
doença, que – no entanto – não tem cura.
Além disso, educação e assistência psicológica ajudam a amenizar os problemas
causados por ela, como ansiedade e depressão. Apesar disso, a
porcentagem de canadenses que se submetem a esses tratamentos ainda
é muito pequena, segundo Brooks: 1,2% dos enfermos. Em 1999, era ainda menor
(apenas 0,5%).Para Brooks, uma consequência imediata do diálogo com o
Brasil foi a constatação de que 90% dos pacientes de DPOC também sofrem de
asma, cujo tratamento é área de especialidade de Celso Ricardo Fernandes
Carvalho. Cerca de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de asma, segundo ele.
OS BEBES TAMBEM SOFREM COM DOENÇAS RESPIRATÓRIAS...
Os países com maior incidência são Austrália,
Brasil, Canadá, Costa Rica, Estados Unidos e Reino Unido. Fatores ambientais que
agravam a enfermidade são alta poluição, baixa umidade e baixa temperatura. A
constrição brônquica provocada pela asma costuma aumentar durante ou logo após
a prática de exercícios físicos, o que leva muitos enfermos a diminuí-la ou
mesmo eliminá-la. Com isso, é comum
ocorrer obesidade ou sobrepeso entre asmáticos, causas de piora de sua condição
geral de saúde e de agravamento da própria asma, pois quanto mais aptos
fisicamente eles estiverem, menores e menos frequentes os sintomas, segundo
pesquisas de Carvalho já comprovaram. Um dos problemas comuns aos dois
grupos que Brooks e Carvalho vão enfrentar juntos é o desenvolvimento de meios
e instrumentos para aumentar a probabilidade de um número maior de pacientes
fazer manutenção dos exercícios requeridos em casa após o fim do
tratamento nos centros de recuperação e para permitir que a assistência
psicológica seja mantida a distância. Numa demonstração de como a realização de
eventos multidisciplinares como a FAPESP Week podem ser produtivos, Dina Brooks
manifestou desejo de conhecer mais a experiência do Instituto Microsoft
Research-FAPESP de Pesquisas em TI.
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